Durante pronunciamento no Plenário nesta segunda-feira (14), o senador Renan Calheiros (MDB-AL) considerou que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros é uma tentativa de interferência nas instituições do país. Para o parlamentar, a carta enviada por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem o objetivo de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) e influenciar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Renan defendeu que o Brasil utilize a Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso, como resposta à pressão externa e também para enfrentar o “terrorismo tarifário” do governo norte-americano. Ele ressaltou que o país deve propor diálogo, mas precisa agir com firmeza e proteger a soberania nacional.
— A carta de Trump a Lula, com arreganhos ao Supremo Tribunal Federal e ao que se chamou de caça às bruxas, tem o condão de subjugar a Suprema Corte e alterar os rumos do seu processo penal. O diálogo é sempre o melhor caminho, e a nossa diplomacia é mundialmente reconhecida pela habilidade e ausência de contenciosos. Portanto, se o caminho do diálogo não for possível, temos, no Brasil, uma legislação específica para responder com firmeza e proporcionalmente ao terrorismo tarifário de Trump — afirmou.
O senador avaliou que a medida tarifária reflete o incômodo dos Estados Unidos com o fortalecimento dos Brics e com o debate sobre uma moeda comum entre os países do bloco. Renan lembrou que os Brics reúnem [ cerca de 40%] da população mundial e têm ganhado destaque na economia global.
— A questão de fundo, do ponto de vista comercial, é o debate no Brics sobre uma moeda única, um cesto de moedas para o comércio entre os 11 países do bloco. Os Estados Unidos temem o enfraquecimento do dólar, a perda da influência global. É legítimo, é defensável, é natural que esses países do Brics busquem melhorar e azeitar as relações comerciais entre eles — afirmou.
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