
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem se tornado uma preocupação crescente na área da saúde, tanto no Brasil quanto em outros países. Com o aumento contínuo nos índices de diagnóstico, o autismo (transtorno que afeta o desenvolvimento neurológico e se manifesta de formas variadas) exige cada vez mais atenção de profissionais, gestores públicos, educadores e famílias.
Pesquisa divulgada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) revelou um dado preocupante: uma em cada 31 crianças de até 8 anos de idade no país está dentro do TEA, o que representa 3,22% da população infantil. Esses dados são referentes a 2022. Já em 2020, esse número era de uma em cada 36 crianças.
Em relação ao cenário, a psicóloga Daniela Landim, coordenadora da Versania Cuidado Infantil, em São Paulo, e primeira brasileira certificada com QBA (processo internacional que reconhece profissionais com experiência e conhecimentos avançados em autismo), principalmente Análise do Comportamento Aplicada (ABA), diz que o levantamento não necessariamente indica um aumento real na incidência da condição. “Esse salto pode estar relacionado a uma combinação de fatores, como o avanço na identificação e no rastreio do autismo, o aumento da conscientização sobre o tema e o uso de critérios diagnósticos mais amplos”, ressalta.
Além disso, Daniela explica que muitas crianças autistas que antes passavam despercebidas agora são corretamente diagnosticadas, graças à maior capacitação de profissionais e ao acesso à informação. ”Mudanças no perfil das famílias também contribuem. Hoje é mais comum que homens e mulheres tenham filhos em idades mais avançadas, o que também pode influenciar nas estatísticas. Trata-se, portanto, de uma evolução na forma como o autismo é percebido, compreendido e identificado pela sociedade e pela medicina”, enfatiza.
Brasil
Embora a pesquisa seja estadunidense, no Brasil a tendência de aumentos de diagnósticos é semelhante, de acordo com a especialista. No entanto, ela chama atenção para a falta de pesquisas nacionais sobre o assunto. “Existe uma grande carência de dados consolidados e sistemáticos sobre a prevalência do autismo no país. Apesar disso, há diversos estudos importantes sobre o TEA, que tornam o tópico mais acessível e conhecido pela população e pelos médicos brasileiros”.
Padronização do tratamento
Embora o aumento no número de diagnósticos seja um bom sinal de avanço, isso não deve levar à padronização que desconsidera as particularidades individuais de cada criança com TEA, de acordo com Daniela. “A intervenção ABA, que é o tratamento com mais evidência científica para autismo, é uma intervenção totalmente individualizada. O caso de cada indivíduo é diferente, portanto, o tratamento deve seguir sendo personalizado”, alerta a psicóloga.
Daniela Landim explica também sobre o Plano Educacional Individualizado (PEI), um documento personalizado que define metas, objetivos, e estratégias de ensino para estudantes dentro do espectro. “O PEI é outra medida muito importante no tratamento de crianças autistas, pois auxilia no ensino delas. Mais uma vez, ele é individualizado e não podemos deixar que isso se perca, mesmo com o aumento no volume de diagnósticos”, destaca.
Na opinião da psicóloga, para evitar uma precarização no tratamento é necessário um fortalecimento de políticas públicas que amparam pessoas com autismo e suas famílias. “Incentivos a pesquisas, coleta de dados, capacitação de profissionais como professores e pedagogos e disseminação de informações sobre o autismo são algumas das medidas que podem contribuir para a qualidade de vida dessas pessoas”, diz.
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