Em muitas casas e escritórios, as extensões e filtros de linha são usados diariamente como soluções práticas para ligar vários aparelhos eletrônicos a uma única tomada. No entanto, o que muitos consumidores não sabem é que esses dispositivos, quando de má qualidade, representam sérios riscos à segurança e ao funcionamento dos equipamentos conectados.
Produtos falsificados ou fabricados com materiais de baixa resistência têm se espalhado pelo mercado, muitas vezes com aparência semelhante a itens de boa procedência. A ausência de certificações, a má condução de corrente elétrica e a falta de proteção contra sobrecargas são apenas alguns dos problemas identificados nesses dispositivos.
Diante disso, o professor e engenheiro eletricista Hilton Moreno, que também é consultor técnico da COBRECOM, alerta: nem toda extensão ou filtro de linha oferece proteção real. O barato pode sair caro e os aparelhos eletrônicos de alto valor e a segurança das pessoas e do imóvel podem ser colocados em risco.
“As extensões não normatizadas não suportam a corrente elétrica demandada pelos aparelhos, levando ao aquecimento excessivo e até ao seu próprio dano. No caso dos filtros de linha, que são dispositivos de proteção contra surtos, quando são de má qualidade, eles podem simplesmente não funcionar, o que pode resultar na sua própria queima e na queima dos aparelhos eletroeletrônicos que ele deveria estar protegendo”, explica Hilton Moreno.
Extensões com cabos piratas
Hilton Moreno ressalta que os condutores elétricos piratas e os ‘desbitolados’ (que possuem menos cobre) não seguem normas técnicas, usam fios mais finos do que o indicado e materiais de baixa qualidade.
“Esse fator pode gerar perda de energia, superaquecimento, derretimento da isolação do cabo e risco de princípio de incêndio”, afirma.
Acertar na compra
De acordo com Hilton Moreno, entre os principais cuidados ao comprar extensões e filtros de linha estão: verificar se possuem selo do Inmetro; se as normas da ABNT aplicáveis estão indicadas na embalagem ou no corpo do produto; se informam a tensão de operação (em volts), a capacidade máxima de corrente (em amperes) e a potência suportada (em watts).
“Também é importante conferir se o nome do fabricante e CNPJ estão informados e, sempre que possível, optar por marcas reconhecidas. No caso dos filtros de linha, verificar se, de fato, o produto tem dentro dele um dispositivo DPS ou é apenas uma régua de tomadas”, recomenda Moreno.
O profissional ainda lembra que cada extensão ou filtro de linha tem uma potência máxima que deve ser respeitada e, ao ligar aparelhos que ultrapassem esse limite, pode provocar sobrecarga e risco de princípio de incêndio, sendo que esse limite deve ser indicado pelo fabricante, diretamente em watts (ou volt-ampere).
“Caso não tenha essa indicação, faça a seguinte fórmula: multiplique o valor da corrente máxima indicada (em amperes) pela tensão indicada (em volts)”, indica Hilton Moreno.
Outro ponto fundamental é que o consumidor deve estar ciente de que a potência total deve ser dividida entre o número de tomadas da extensão ou do filtro de linha.
“Se a potência total é 1.000 watts e o filtro de linha possui 4 tomadas, por exemplo, a soma de todos os aparelhos ligados nas tomadas em uso não pode ultrapassar 1.000 watts. Outro exemplo: muitas pessoas leem que um determinado filtro de linha é para 10 amperes e então assumem, erroneamente, que cada uma das tomadas da régua possa ser usada no limite de 10 amperes”, completa Moreno.
A escolha de produtos de marcas reconhecidas também é importante, pois os fabricantes seguem normas técnicas, possuem selo do Inmetro, realizam testes de segurança nos produtos e oferecem garantia, sendo que as extensões e filtros de linha devem atender às normas ABNT NBR NM 60884-1 (plugues e tomadas) e ABNT NBR 14136 (padrão brasileiro de tomadas).
Importante
Hilton Moreno reforça que extensões e filtros de linha devem ser usados apenas como solução temporária e de conveniência, não como parte permanente da instalação elétrica.
“Para um uso seguro, é fundamental que a instalação seja projetada, construída, operada e mantida conforme as prescrições da norma ABNT NBR 5410, que trata das regras de segurança em instalações elétricas de baixa tensão. O ideal é sempre contar com um profissional habilitado e qualificado para orientar sobre a compra e uso adequado das extensões e filtros de linha”, esclarece.
O consultor técnico da COBRECOM também alerta que não devem ser usadas extensões e filtros de linha que tenham cabos amassados, ressecados, trincados ou que tenham qualquer outro tipo de dano.
Além disso, devem ser evitadas a realização de emendas nos condutores elétricos das extensões, pois, caso não sejam muito bem executadas, elas resultarão em sobreaquecimento, curto-circuito, arcos elétricos e até incêndio.
Outras dicas
Para assegurar a correta utilização das extensões e garantir a segurança das pessoas e dos imóveis, Hilton Moreno lista outras recomendações importantes:
1 - Aparelhos como geladeiras, micro-ondas, aquecedores, máquinas de lavar, ferros elétricos, secadores de cabelo, chapinhas, aparelhos de ar-condicionado, entre outros, nunca devem ser ligados em extensões ou filtros de linha, pois possuem elevadas potências e têm que ser ligados apenas em tomadas de uso exclusivo.
2 - Para evitar acidentes, extensões e filtros de linha também não devem ser usados em locais como banheiros, cozinhas e áreas de serviço, pois a presença de umidade e respingos de água pode resultar em sérios acidentes de origem elétrica.
3 - Nunca devem ser ligados muitos aparelhos eletrônicos em extensões e filtros de linha, pois, dependendo das potências individuais dos aparelhos, é possível que a soma delas ultrapasse a capacidade máxima da extensão ou filtro de linha, gerando sobrecarga, superaquecimento e risco de incêndio.
4 - Ligar várias extensões em série também é muito perigoso, pois esse fator também pode resultar facilmente em sobrecarga do conjunto, superaquecimento e na possibilidade de incêndios.
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